sábado, 7 de dezembro de 2013

A dura realidade do aposentado no Brasil

Há duas semanas participei, pela segunda vez em minha vida, de uma reunião de condôminos. Moro em um edifício onde a maioria é idosa e, pela forma como enxergo o mundo, tomo-os como referencia para minha vida. Na reunião havia de tudo: dos mais exaltados aos mais dóceis e ponderados.
É curioso o fato de muitos vizinhos evitarem tais reuniões para não se indisporem com os demais, nos momentos de votações sobre temas pertinentes a todos. Entre debates acalorados e conversas paralelas (o que me irrita muito, pois fui educado para ouvir quando alguém esta se dirigindo a mim), o que me deixou mais entristecido foi constatar como o nosso país maltrata os aposentados.
O tema mais difícil foi tratado como se estivéssemos em uma guerra: aumento do condomínio. Não falávamos nada de absurdo. Queríamos e precisávamos corrigi-lo para não corrermos o risco de perder a capacidade de pagamento das contas das áreas comuns visto que muitas despesas aumentaram de um ano para o outro.
Sugeri índices como IPCA, IGP ou IGPM que corrigiam pela inflação mas quando souberam que em 2012 tivemos quase 7% ficaram indignados comigo. Logo me defendi que estava apenas informando qual percentual foi devorado de nosso poder de compra e pagamento. Para agravar a situação no dissídio dos funcionários prediais os trabalhadores obtiveram um aumento de quase 8%.
Ao final foi aprovado um aumento de 5% e a nova síndica se comprometeu a revisar as despesas no intuito de tentar encontrar uma maneira de economizar mais.
Não culpo as pessoas que estavam ali “revoltadas” com o aumento. Elas não tiveram uma compensação (reajuste) pelo que a inflação fez com o poder de compra real delas. Cheguei a temer pela aposentadoria (e isso que já aposentei em uma profissão) porque vislumbrei neles a realidade dos aposentados e pensionistas brasileiros. Realidade que mais de 80% da população estará exposta. A conta simplesmente não fecha.
Passado uma semana apareceu uma placa na grade do prédio: VENDE-SE 1 AP.
Estou certo que esse é o cruel destino daqueles que não tem seus salários reajustados anualmente pela inflação. Quantas placas mais terei que ver após cada reunião de condôminos?
FONTE:http://blogs.estadao.com.br/william-capita-machado